Pandemia

Uma espera angustiante

Hervalense que mora na França foi diagnosticado com suspeita de Covid-19, mas não conseguiu fazer os exames para ter a confirmação

Divulgação -

Imagine que você mora na Europa, um dos continentes mais atingidos pelo novo coronavírus, com milhares de mortes registradas todos os dias. Aí você apresenta dores de cabeça, dores no corpo, tem febre e não sente fome. Coincidentemente, os sintomas se encaixam em um quadro de Covid-19. Para tirar a dúvida, você consulta um médico, cuja avaliação também resulta em um possível quadro da doença que já matou mais de 20 mil pessoas no país. É preciso fazer o exame para comprovar a enfermidade. Mas não há testes para todos. Este é o drama vivido por Marcel Mugica, gaúcho que mora na França.

Natural de Herval, Marcel mora no país há um ano. Ele está situado na cidade de Colmar, localizada no Alto-Reno, região Leste do território francês. O brasileiro começou a apresentar os sintomas de forma passageira no domingo de Páscoa. O quadro se agravou alguns dias depois, na última terça-feira, quando decidiu procurar um médico. “Eu comecei a sentir dor de cabeça no domingo, mas logo passou. Na terça, os sintomas vieram com força total. Tive febre de 38 graus, perdi a fome e o paladar. Tive muita dor no corpo, principalmente nas costas” relatou. Ao procurar um médico, o profissional afirmou que o caso descrito era classificado como suspeito do novo coronavírus. Para aliviar os sintomas, foi receitado um remédio para as dores de cabeça e nas costas. Além disso, foi ordenado que ficasse em quarentena por um período mínimo de dez dias.

Técnico de campo, ele trabalha na Tetra Pak, empresa do ramo alimentício. Durante a quarentena francesa, era um dos funcionários que possuía autorização para circular, com os devidos equipamentos de prevenção, pois o segmento é considerado essencial na cadeia produtiva do país. Quando apresentou o atestado no trabalho, foi questionado a respeito da ausência do exame confirmatório. Em retorno ao consultório médico, ouviu as seguintes palavras: “nós não estamos na Alemanha”. Mesmo sem o exame de comprovação, o brasileiro foi afastado e o governo francês financiará os dias que ele precisou se retirar do serviços em razão da quarentena. No entanto, a comparação feita pelo médico reflete a distinta realidade de como França e Alemanha têm vivido a pandemia.

A região onde o hervalense vive é fronteiriça com o país alemão e foi o ponto de partida da disseminação do vírus em terras francesas. O governo presidido por Emmanuel Macron subsidia exames para grupos considerados prioritários, cuja abrangência inclui pessoas com doenças crônicas, idosos acima de 60 anos, profissionais de saúde, funcionários de hospitais e policiais. Pelo quantitativo disponível e por não se encaixar nestes grupos, Marcel não teve a confirmação de que contraiu o Covid-19, apenas a suspeita. A França possui cerca de 115 mil casos confirmados e já registrou mais de 20 mil mortes.

Do outro lado da fronteira, a Alemanha se tornou referência mundial no combate ao Coronavírus. A comparação do médico não foi por acaso. Em território alemão, todos os pacientes suspeitos de terem a doença são testados. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, já iniciou o processo de reabertura do comércio e o governo já anunciou ter controlado o vírus. A Alemanha apresenta 146.398 registros confirmados da doença e menos de cinco mil óbitos.

Sem poder fazer os exames, Marcel segue em quarentena em casa. Mora sozinho e tem a irmã Justine de Primio e os tios Milton e Carla Machado como familiares em Pelotas, com quem mantém contato frequente pelas redes sociais.

 

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